
Tendo roubado, o povo, durante trinta anos, surge no cais um Sapateiro, identificável pelo avental e pelas formas que transporta. O protagonista faz referência ao facto de ter cumprido rigorosamente os preceitos religiosos, mas todos os seus argumentos são destruídos pelo Diabo que o acusa de ter sido desonesto.
O seu comportamento religioso transforma-o numa personagem com uma representatividade mais ampla, englobando todos aqueles que julgam ser a prática do culto externo – missa, confissão e comunhão – suficiente para a sua vivência de fé, mesmo que vivam de forma desonesta.
O avental e as formas são elementos distintivos e caracterizadores do seu tipo socioprofissional, para além de servirem como “elemento de prova” no julgamento divino.
O carácter moralista desta cena é reforçado se verificarmos que a condenação da personagem assenta mais na ausência de uma vida moral em conformidade com os preceitos religiosos do que nos roubos praticados.
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