Língua Portuguesa - 9º ano

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1 de março de 2010

Gil Vicente




Gil Vicente nasceu no reinado de D. Afonso V, alguns anos depois de 1465, e faleceu entre 1536 e 1540. Ignora-se a profissão e a condição social de Gil Vicente. O nome de Vicente, que não é fidalgo, sugere uma origem popular ou burguesa (…). Quanto à profissão, aceita-se geralmente que este Gil Vicente é o famoso ourives do mesmo nome que cinzelou a custódia de Belém, mas é difícil conciliar a formação de um ourives nesta época com a de um homem de letras como é o nosso autor. Há um genealogista do século XVI, que faz de Gil Vicente mestre de retórica do rei D. Manuel, o que é mais aceitável. O certo é que durante cerca de trinta e cinco anos o nosso autor foi, nas cortes de D. Manuel I e D. João III, uma espécie de organizador responsável pelos espectáculos. Os seus autos nasceram a partir das festividades.
É certo que também alcançou, nas cortes de D. Manuel e de D. João, uma situação de prestigio e de influência que lhe permitiu certas liberdade e audácias. Foi esta situação privilegiada que tornou possível a Gil Vicente pregar aos frades de Santarém um sermão, em 1531, em que os censurava por terem alarmado a população da cidade fazendo-lhe crer que o terramoto ocorrido em Fevereiro desse ano fora uma manifestação da ira de Deus por se consentirem em Portugal os cristãos-novos. Neste sermão, explicou Gil Vicente aos frades que o terramoto era um fenómeno natural, e que os judeus deviam ser convertidos, sem violência, pela persuasão.
Gil Vicente soube aproveitar a sua influência na corte para fazer uma crítica atrevida de diversos vícios sociais, especialmente os que estavam relacionados com a nobreza e o clero. Mas fazia-o aparentemente ou realmente de acordo com o rei, a quem interessava por vezes castigar certos abusos, e que, frequentemente, entrou em conflito com o clero.
A carreira teatral de Gil Vicente termina em 1536, com a representação da Floresta de Enganos. Depois da sua morte a corte manteve fielmente o valimento que lhe dera em vida, e os seus autos continuaram a ser representados. A viúva de D. João III protegeu, contra a Inquisição, a publicação completa das suas obras em 1562.

António José Saraiva, in Prefácio a Teatro de Gil Vicente, Portugália Ed. (adaptado)

Algumas das suas obras mais importantes:
Auto da Barca do Inferno; • Auto da Índia; • Farsa de Inês Pereira; • Auto da Feira; • Auto da Alma; • Quem tem farelos?

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