
Os parvos têm, no teatro vicentino, uma função cómica, ocasionada pelos disparates que proferem. Assim acontece neste auto, embora, em certos casos, o Parvo se junte às personagens sobrenaturais para criticar os que pretendem embarcar e sirva, algumas outras vezes, de comentador. Evidentemente que, nos termos desarticulados e sem lógica, ditos pelos parvos, há, por vezes, muito para reflectir e analisar. Tal acontece neste auto.
A decisão do Anjo de acolher o Parvo, na sua barca, está na lógica da doutrina católica: não pode ser responsabilizado pelos seus actos quem nasceu irresponsável.
Mário Fiúza, (adapatado)
O Parvo tem como função dominante emprestar o ridículo a situações alheias a si mesmo. Surge, como alguém que satiriza através do cómico, personagens que se julgam merecedoras da Glória. O Diabo e o Anjo não chegam a assumir a posição de advogados na medida em que não necessitam de justificar a conduta do Parvo que, na sentença do Anjo, viveu sem malícia, mesmo nos seus erros.
Ao contrário das outras personagens, o Parvo não representa qualquer estatuto social ou grupo profissional. O carácter trocista e cómico que o identifica, permite-nos considerar esta personagem como um mero elemento a que o autor recorre para melhor caracterizar a sociedade do seu tempo.
Ao contrário das outras personagens, o Parvo não representa qualquer estatuto social ou grupo profissional. O carácter trocista e cómico que o identifica, permite-nos considerar esta personagem como um mero elemento a que o autor recorre para melhor caracterizar a sociedade do seu tempo.
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