
Gil Vicente apresenta o Fidalgo com toda a sua vaidade e presunção. Ricamente vestido e seguido de um pajem que lhe soerguia a cauda do manto e lhe transportava uma cadeira de espaldas. Habituado a gozar de privilégios especiais, o Fidalgo nem sequer pensa que poderá ir para o Inferno. Assim, para justificar o seu direito a entrar na barca celestial, apresenta apenas ao Anjo, como único argumento, a sua condição social (“Sou fidalgo de solar/ é bem que me recolhais”).
Ao fidalgo parece-lhe a barca infernal “um cortiço”, isto é, uma barca muito ordinária e reles para transportar um nobre tão poderoso e importante como ele. Mas o Anjo e o Diabo formulam as suas críticas, que se podem resumir assim:
• Que ele vivera a seu prazer, ou seja, que fizera tudo quanto quisera;
• que se entregara aos prazeres;
• que fora tirano;
• que desprezara o povo.
Para demonstrar que ele vivera a seu prazer, analisa Gil Vicente a vida sentimental do Fidalgo, repartida entre duas mulheres: a esposa e a amante. No entanto, é traído tanto por uma como por outra, já que cada uma delas tinha o seu amante. Não se trata, portanto, de um pormenor secundário mas de um elemento essencial para a caracterização do tipo e da sociedade em que estava inserido.
Gil Vicente não condena só este aristocrata, mas todos os seus antepassados, como afirma o Diabo quando informa o Fidalgo que passará para o Inferno assim com “passou vosso pai”, isto é, o autor generaliza e condena a nobreza como classe social.
O pajem que acompanha o Fidalgo não entra em nenhuma das barcas. Porquê? Evidentemente porque não representa um tipo, uma alma de um defunto, mas um simples elemento caracterizador. No entanto, a sua função simbólica é muito importante pois representa um elemento do povo, a principal vítima da opressão da nobreza.
Ao fidalgo parece-lhe a barca infernal “um cortiço”, isto é, uma barca muito ordinária e reles para transportar um nobre tão poderoso e importante como ele. Mas o Anjo e o Diabo formulam as suas críticas, que se podem resumir assim:
• Que ele vivera a seu prazer, ou seja, que fizera tudo quanto quisera;
• que se entregara aos prazeres;
• que fora tirano;
• que desprezara o povo.
Para demonstrar que ele vivera a seu prazer, analisa Gil Vicente a vida sentimental do Fidalgo, repartida entre duas mulheres: a esposa e a amante. No entanto, é traído tanto por uma como por outra, já que cada uma delas tinha o seu amante. Não se trata, portanto, de um pormenor secundário mas de um elemento essencial para a caracterização do tipo e da sociedade em que estava inserido.
Gil Vicente não condena só este aristocrata, mas todos os seus antepassados, como afirma o Diabo quando informa o Fidalgo que passará para o Inferno assim com “passou vosso pai”, isto é, o autor generaliza e condena a nobreza como classe social.
O pajem que acompanha o Fidalgo não entra em nenhuma das barcas. Porquê? Evidentemente porque não representa um tipo, uma alma de um defunto, mas um simples elemento caracterizador. No entanto, a sua função simbólica é muito importante pois representa um elemento do povo, a principal vítima da opressão da nobreza.
Mário Fiúza, op .cit. (adaptado)
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