Quando contactas com a obra de Gil Vicente, reparas, certamente, que a língua que ele utiliza é bem diferente da que tu conheces e aprendes.
Embora se trate da Língua Portuguesa, é a utilizada no século XVI; daí que, decorridos tantos séculos, tenha sofrido algumas alterações.
A ORIGEM – O LATIM
Temos de recuar até à época da expansão do Império romano, pois o latim era a língua utilizada. Dele derivam o português e as chamadas línguas românicas: o português, o castelhano, o francês, o italiano, o romeno… que surgiram da mistura entre o latim e os idiomas falados nas diferentes regiões europeias conquistadas pelos romanos.
O latim apresentava diferentes variedades e registos linguísticos:
· o latim vulgar, falado pelo povo (soldados, comerciantes, funcionários, etc.);
· o latim culto, usado pelos escritores e falado nos discursos do Fórum.
Como as conquistas dos Romanos foram levadas a cabo pelos legionários, gente inculta e na sua maior parte iletrada, o latim que se impôs nas várias províncias foi o latim vulgar.
INFLUÊNCIAS DE OUTROS POVOS
Por volta do século V d.C., os povos germânicos (Visigodos e Suevos) invadem a Península Ibérica, mas aceitam a língua e a cultura existentes. Porém, muitas palavras, sobretudo dos Visigodos, penetraram na língua que aí se falava (exs: vassalo, elmo, guerra, raça, luva, Ricardo, orgulho, barriga…).
Em 711 dá-se a invasão árabe e, em muito pouco tempo, os Árabes ocuparam toda a Península Ibérica. A sua cultura é superior à dos Visigodos e, por isso, a sua língua deixou marcas maiores na nossa ao nível do vocabulário (exs. azeitona, laranja, açúcar, algodão, alfarroba, alferes, tambor, álgebra, algarismo, alambique, azulejo…).
O VERDADEIRO NASCIMENTO DA LÍNGUA PORTUGUESA
No Noroeste peninsular, da evolução do latim nasce, ao nível oral, o galaico-português, língua falada, a partir dos finais do século IX, na Galiza e no norte de Portugal. Mas o latim continuava a ser usado como a única língua escrita, nos documentos jurídicos, pelo clero e pelos nobres.
Após a conquista da nossa independência nacional, em 1143, inicia-se um processo linguístico no sentido da autonomização progressiva do falar do povo Entre Douro e Minho (condado Portucalense) em relação ao falar da Galiza.
No século XIII, D. Dinis dá um impulso ao desenvolvimento da nossa língua ordenando que, daí em diante, passassem a ser escritos em português todos os livros e documentos.
INFLUÊNCIAS POSTERIORES
· África: missanga, macaco, banana, samba, tanga…
· Ásia: leque, chá, chávena, soja, biombo…
· América: ananás, piroga, canoa, cacau, chocolate, batata…
ESTRANGEIRISMOS (adopção de vocábulos de outras línguas adaptados à fonética da língua portuguesa)
· Francês: boné, chefe, blusa, duche, gravata…
· Espanhol: bolero, tejadilho, sapatilha, sangria…
· Inglês: bife, futebol, bar, ténis, líder…
· Italiano: piano, maestro, saldo…
A língua vai continuando a enriquecer-se com a criação de novos vocábulos – neologismos – necessários para designar novas realidades.
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